Seguindo nesse propósito de trazer conhecimento sobre madeiras, continuamos com mais uma parte importante desse livro maravilhoso que tivemos o prazer de conhecer através do Sindimasp, esse nosso parceiro muito importante quando falamos em madeiras de lei com procedência.
A Papiro Madeiras apoia o Manejo Florestal!
Vamos ao livro!!!
3ª Parte
NOMENCLATURA
NOME CIENTÍFICO: utilizado por especialistas para nomear os seres e reconhecê-los de forma universal, independente do país, evitando, assim erros. A identificação se dá por dois nomes (binome), um nome genérico (gênero) e um descritor específico (espécie). Nenhum outro táxon pode ter nomes compostos de mais de uma palavra.
Gênero + espécie = Dipteryx alata – é a forma usada quando se conhecem o gênero e a espécie.
ESPÉCIE: compreende um organismo individual que é similar em forma e estrutura.
Geralmente, na identificação macroscópica atinge-se somente o nível de gênero, e não de espécie;
Gênero + sp. = Dipteryx sp. – é a forma usada quando o epíteto específico não é conhecido.
Gênero + spp. = Dipteryx spp. – quando são espécies diferentes do mesmo gênero é (spp. é o plural de sp.).
NOME VULGAR/POPULAR: é o nome dado sem embasamento científico, geralmente por causa de alguma característica mais visível (características presentes na casca, nas folhas ou nas flores) ou propriedade medicinal etc. Esse nome varia de região para região, por exemplo: peroba-do- norte, cupiúba ou cutiúba – Goupia glabra; jitó, marinheiro, cedrão ou camboatá – Guarea guidonia; cumaru, cumbaru ou barujo – Dipteryx alata.
Os nomes botânicos podem sofrer modificações em razão de novos estudos feitos por especialistas em determinados gêneros e espécies. Por exemplo, a espécie Astronium urundeuva passou a ser Myracrodruon urundeuva (aroeira do sertão), enquanto a Chorisia speciosa agora é conhecida de Ceiba speciosa (paineira).
ESTRUTURA ANATÔMICA DA MADEIRA / XILEMA SECUNDÁRIO
A madeira (xilema secundário ou lenho) é um material orgânico, heterogêneo, de estrutura complexa, com diferentes tipos de célula orientados, normalmente, de forma paralela e perpendicular ao eixo do tronco, que ocorrem em diversas proporções e arranjos. Possui diferentes tipos de célula, adaptados a desempenhar funções específicas (suporte, condução de líquidos, transformação, armazenamento, transporte de substâncias etc.).
O lenho é constituído funda- mentalmente de celulose (40 a 50%),
hemicelulose (20 a 35%), lignina (15 a 35%) e extrativos – taninos, óleos, resinas, gomas, látex e compostos secundários (cerca de 5%). Essas características, associadas às diferentes proporções das estruturas celulares presentes na madeira, são as que determinam as variações nas propriedades tecnológicas.
As Angiospermas apresentam madeiras mais complexas que as Gimnospermas por causa dos diferentes tipos de célula que apresentam, sendo a principal diferença a presença de vasos, que são os elementos que conduzem águas e minerais, desde as raízes até a copa da árvore, pelo alburno (parte viva ou ativa da árvore). Por sua vez, as Gimnospermas não apresentam vasos, e a condução de líquidos é realizada pelas traqueídes, que são as células que compreendem mais de 90% da madeira.
A madeira, quando vista no topo (seção transversal), apresenta as seguintes regiões, consideradas de fora para dentro (Figura 3):
CASCA (LÍBER): é uma camada protetora do tronco contra ameaças externas, com aspecto, espessura, cor e exsudações característicos de cada espécie de madeira, muitas vezes importantes para a identificação de árvores vivas. A casca é tudo o que está para fora do câmbio vascular. É constituída da periderme (felema, felogênio e feloderme), que é a região mais externa da casca, e do floema, que é a região mais interna da casca e que faz o transporte dos fotossintatos (substâncias nutritivas) no sentido da raiz.
CÂMBIO VASCULAR: é constituído de uma ou mais camadas de células que se estende por todo o caule e a raiz. Produz novos elementos celulares (xilema para dentro e floema para fora), permanecendo ativo durante toda a vida da árvore, sendo visível somente ao microscópio.
- Lenho ou xilema secundário:
•Alburno: é a região que se segue ao câmbio vascular, geralmente de cor clara, constituída de células fisiologicamente ativas, não obstruídas, por onde circula as substâncias nutritivas da planta, em fluxo ascendente, razão pela qual é facilmente atacada pelos agentes degradadores da
madeira (principalmente fungos e insetos xilófagos). Logo, essa é a região que melhor recebe os produtos preservadores nos processos de tratamento da madeira, feito a fim de garantir a sua longevidade.
- Cerne: é a região que se situa internamente ao alburno, em geral de cor mais escura, constituída de células que já perderam a função de condução (células sem atividade vegetativa). A cor mais escura do cerne é causada pela formação de extrativos, depositados durante seu processo de formação. Nessa região, nas madeiras mais resistentes, os vasos, muitas vezes, estão obstruídos por extrativos (óleos, resinas e depósitos) ou por tilos, dificultando o tratamento com produtos preservadores e a secagem da madeira. Praticamente não há absorção desses produtos, mesmo em tratamento sob pressão, em autoclave. Em geral, as madeiras que apresentam cerne durável são conhecidas como “madeira de lei”, termo que se originou na época do Brasil Colônia, quando determinadas madeiras eram proibidas por lei de serem usadas no comércio, a não ser pela Coroa Portuguesa, que as empregava para a construção naval. Esse termo é utilizado até hoje significando madeiras com boas propriedades físico-mecânicas e biológicas.
- Medula: é normalmente a região mais central da árvore e, dependendo da inclinação do tronco, pode apresentar excentricidade. É constituída de um tecido primário, parenquimático, que armazena substâncias nutritivas. Às vezes, deteriora-se com o envelhecimento da árvore, ficando apenas um vazio (oco).